O nosso planeta é uma esplêndida maravilha ;

 verdadeiro paraíso , podem até alguns dizer ;

 de paisagens demasiadas extasiantes de ser ver,

 na vivaz natura que ao triunfante Sol rebrilha;

 também pelos astros da noite , estrelas, luar;

 assim são as montanhas, as matas, os rios, o mar...

 Tudo aqui nos insinua a mais venerável beleza,

 pela magia mística da vida , exuberante demais,

desde as sublimes flores , os singelos animais,

 e nós , humanos, seres tão iguais pela natureza.

Falo assim porque há pessoas preconceituosas,

 que cultivam esse sentimento ruim no coração,

 e discriminam outros por raça , classe , religião;

 por um entendimento de concepções defeituosas.

 E da mesma forma resiste um preconceito tal,

 motivador desses versos, o preconceito regional,

 que não é menos mal, porque trata como inferior

 pessoas umas que são de algum determinado lugar,

sem nenhuma justificativa que se possa considerar;

 mas apenas porque se acham de um lugar superior.

No Nordeste do meu grande e valoroso Brasil,

o povo também sofre deste triste preconceito

 por uns tais do Sul, os quais se acham os eleitos;

 porém somos também desse mesmo povo varonil.

 E volta e meia pipoca um crime desse, assim sério,

 quando nos discriminam com rudes impropérios;

 desaforadas palavras para o povo da nossa região:

 que o nordeste é aquela coisa ruim do dia-a-dia;

 que se tem é de assassinar um nordestino por dia...

 E falam assim em redes sociais , e na televisão...

Nós já tivemos desse gigantesco país a capital;

mas quando aqui chegou a corte do Rei D. João,

 fugida do grande exército do temido Napoleão,

 mudou então para o Rio a sede do governo geral,

 pois lhe pareceu o Sudeste bem mais conveniente,
pelo seu clima mais europeu e beleza natural certamente  

 por razões econômicas e também estrategicamente:

 já se houvera lá em Minas, muito ouro encontrado,

 e o porto então no Rio lhe era bem mais adequado;

 e assim é que o Nordeste deixou de ser o preferente.

O Nordeste do Brasil tem um problema climático

Pois a chuva, que é preciosa, lá é muito irregular,

 o que não garante plantar; nem colher o que plantar.

 São conjunções não favoráveis desse lugar geográfico
são estios que perduram por meses e meses seguidos

que fazem aquele solo rachado de tão ressequido;

 o que se vê são ossos e chifres espalhados no chão...

 e o flagelo da seca tem mexido com muitos destinos;

 pois então vencido pela fome , o pobres nordestinos

 têm migrado para o lado Sul ; fugindo do seu sertão.

Assim é que o nordestino tem descido além fronteiras

 para trabalhar por seu abrigo e também por seu pão;

 defendendo assim sua dignidade de honesto cidadão;

 e tem ajudado a construir a maior cidade brasileira.

 E deste modo tem lá chegado, em precárias condições

 e ainda são humilhados, maltratados com provocações.

 o nordestino têm maneiras simples, d’uma gênese rural;

 o sulista, um tipo mais urbano, d’um germe mais citadino

e é pelo jeito humilde e modesto do caráter nordestino,

 que o sulista se acha o melhor nesse choque cultural.

Porém somos um povo de inegáveis e grandes valores;

 registram-se heróicos feitos a nossa impávida História:

 Conjurações , Revoltas ; conflitos vencemos com glória;

 embates contra invasores, agressores e exploradores.

 E foi assim que expulsamos deste chão os holandeses;

 e foi assim que expulsamos desta plaga os portugueses.

 Aqui já foi palco de batalhas sangrentas e revoluções,

 as quais nós perpetramos por nossa própria diligência

 contra o que e contra quem nos tinha em divergência,

 e em que se destacam personagens de honrosas menções.

Assim é que temos vultos de magno valor humano:

 Maria Quitéria , heroína da guerra de independência,

 Joana Angélica, mártir da libertação da Bahia, resistência;

 temos Deodoro da Fonseca, nosso grande republicano,

 bem como Antônio Conselheiro, de messiânica dimensão;

 o intrépido, Zumbi dos Palmares que resistiu à escravidão;

 Virgulino, Lampião, o Rei do Cangaço no sertão agreste;

 o notável Águia de Haia, Rui Barbosa, um ser tão luzente;

o operário metalúrgico, que desta nação se fez o presidente:

 Luiz Inácio, o Lula , filho de retirantes do nosso Nordeste.

O Nordeste tem rica cultura, de gênero diversificado;

 originais ritmos e danças; nossos costumes e tradições:

 o maracatu de suntuosos trajes e frenéticas percussões;

 o frevo de sombrinhas e acrobáticos passos acelerados;

 o coco, o maxixe, o xote, o xaxado, o martelo agalopado;

 o alegre samba-de-roda, do recôncavo baiano originado;

o celebrada cultura da capoeira, ao toque do berimbau;

o Bumba meu boi, folclore de sentido bastante profundo;

 o Trio Elétrico de Dodô e Osmar, que ganhou o mundo;

em Salvador a maior festa do planeta, do nosso Carnaval.

São muitos mais os nossos símbolos culturais,

 como nosso vaqueiro de chapéu de couro e gibão;

a baiana do acarajé, vestida com toda ostentação;

os Filhos de Ghandy, bloco que é símbolo da paz;

a literatura de cordel, de pitorescas histórias rimadas;

o Axé; o Olodum; o Ilê-Aiyê; também a Timbalada;

os incríveis bonecos gigantes do carnaval de Olinda;

a Feira de Caruaru, que de todo produto se incrementa;

nossos índios com suas danças, artesanatos e vestimentas;

das rendeiras do Ceará temos rendas as mais lindas.

E quantos expoentes o Nordeste tem nos dado;

muitos gênios de grandeza e caráter universais,

pela inteligência , talento e seus dons naturais;

e pela elevada capacidade nos fazem admirados.

São componentes relevantes de interminável lista,

a principiar pelos nossos tão nobres romancistas:

Graciliano Ramos, José Lins do Rêgo, José de Alencar;

Adonias Filho, João Ubaldo, Jorge Amado, da Bahia;

Rachel de Queiroz, primeira mulher na nossa Academia

o Aluísio Azevedo , o Ariano Suassuna, gênio sem par.

Assim também são nossos poetas proeminentes:

 Gregório de Matos e Castro Alves dos escravos,

Manoel Bandeira, Augusto do Anjos tão bravo;

Souzândrade , Artur Azevedo, e bem mais gente:

João Cabral, Ferreira Gullar, Waly Salomão;

Jorge de Lima, Patativa do Assaré , Catulo da Paixão;

e nas nossas Letras se destacam outros mais até:

Aurélio Buarque, dicionarista da brasileira fala;

Gilberto Freire, autor de “Casa Grande e Senzala”;

E o Nelson Rodrigues de “A vida como ela é “;

e ainda tem mais gente que se comprova:

 Pedro Américo , da tela da Independência;

Paulo Freire pedagogo de máxima competência,

como o Anísio Teixeira , da Escola Nova;

o Glauber Rocha, nosso guerreiro do cinema;

o Milton Santos, de inteligência suprema,

qual Teixeira de Freitas e Nise da Silveira;

Elsimar Coutinho , nosso sábio cientista

Vitalino de Caruaru, tão virtuoso artista;

e tantos mais que caberiam nesta fileira.

Da nossa rica música há um rol de notáveis:

 Luiz Gonzaga, rei do baião nas composições;

Dorival Caymmi, das belas praieiras canções;

João Gilberto, de canto e violão admiráveis;

também o rei do ritmo , Jackson do Pandeiro;

Zé Ramalho, de tão fantástico cancioneiro;

os tropicalistas Gilberto Gil e Caetano Veloso;

além de Djavan , Fagner , Belchior , Ednardo;

Carlinhos Brown , que foi ao Oscar indicado,

e Raul Seixas, nosso rei do rock , vigoroso.

E temos outros mais de elevadas qualidades:

 Tom Zé, Dominguinhos, Batatinha , Riachão;

Hyldon , Pepeu Gomes , Paulo Diniz e Falcão;

Torquato Neto, João do Vale, sumas celebridades;

Alceu Valença e Geraldo Azevedo, também geniais;

Zeca Baleiro, Chico Cézar , Lenine e outros mais;

também cantoras: Ademilde Fonseca a rainha do choro;

Maria Bethânia e Gal Costa , cantoras reluzentes;

Cremilda , Anastácia e Marinês de sua gente;

ainda Simone, Maria Creuza e Alcione neste coro.

O Nordeste tem lugares, maravilhosos, fantásticos:

 dunas, mangues, coqueirais, as paradisíacas praias,

a do Futuro, Boa Viagem , Itapuã , Pajuçara, Atalaia;

chapadas , grutas, e naturais parques aquáticos;

As ilhas de Fernando de Noronha e de Itamaracá;

Olinda , Pelourinho , Farol da Barra a iluminar;

Abaeté, Abrolhos, Marco Zero; locais de festas;

e Fundações, Casas, Museus, Teatros, Memoriais;

Mercados, Palácios, Terreiros, Igrejas, Catedrais;

Jardins, Reservas, Estações, Parques e Florestas.

E aqui temos peculiares iguarias de se deliciar:

o Baião de Dois e a Carne de Sol de bom cheiro;

a Buchada de Bode, o Meninico de Carneiro;

a Moqueca de Peixe, o Caruru e o Vatapá;

a paçoca de carne , a macaxeira, tão gostosa é;

a cocada, o bolo de rolo, o abará e o acarajé;

a fritada de siri, ostras, mariscos, o Sururu;

o Cuscuz de Milho, a Canjica, o Arroz de Cuxá;

também frutas, temos ciriguela , graviola e cajá;

mangaba, pitomba, cajarana, umbu, cupuaçu...

Compõe o nordestino sensível religiosidade,

 que pode lhe fazer uma tão devotada criatura,

e é um aspecto que se manifesta em sua cultura;

no seu cotidiano, bem como em festividades;

na procissão do Senhor do Bonfim sua fé está,

assim como na entrega dos presentes a Iemanjá;

Antônio, João e Pedro, venerados Santos juninos;

são figuras ícones desta nossa apostólica linha;

daí o Padre Cícero, Irmã Dulce e Mãe Menininha;

muitos pagam promessas; romeiros, peregrinos...

Gente boa e gente ruim nasce em qualquer lugar:

 no Sul , no Sudeste , no Nordeste também então;

 mas não é só por ter nascido em qualquer região,

 que temos de contar de só por isso já não prestar.

Se pensa assim, carece de sentimento, humanidade;

não pautam sua convivência pela válida fraternidade;

se julgam então superiores agindo com tal estupidez;

ou então são leigos; ignoram que agem equivocados;

mas o preconceito de geração a geração é passado,

como algo natural, e é preciso lutar para acabar de vez.

Mas apesar dessas picadas, vamos seguindo em frente,

consciente da grandeza do nosso povo e nosso lugar;

somos felizes cidadãos com nossa cultura tão singular;

trabalhando para se desenvolver o mais plenamente;

e vamos dando os nossos caros votos de confiança

a quem de melhores e ansiados dias nos dê esperança.

E quem nos visita é sempre recebido de modo gentil.

Aqui nasci, cresci; sob esse céu que me fiz acostumar;

aqui vivi histórias; me desenvolvi e aprendi a amar;

aqui é parte respeitável da grandeza do nosso Brasil !